A área de saúde do trabalhador tem estimulado diversas discussões no Brasil e no mundo há muitos anos. Principalmente ao final do século XX, as reflexões para a prevenção de acidentes do trabalho, bem como das doenças oriundas do trabalho tem recebido especial atenção dos pesquisadores e de todos aqueles que atuam diretamente com a prevenção dentro das empresas.
A produção de conhecimento na área de saúde do trabalhador se desenvolveu, no entanto, principalmente a partir de 1988, com a sua inclusão na Constituição Federal, como resultado do movimento da Reforma Sanitária no Brasil (REGO et al., 2005).
Esta crescente atenção dos pesquisadores e entidades que atuam diretamente no estudo de saúde do trabalhador pode ser notada em função do número de trabalhos e publicações notadas em escala exponencial.
Um estudo realizado por Mendes (2003), que compreendeu as publicações científicas a respeito de saúde e trabalho no período de 1950 a 2002, mostra este notado crescimento pelo campo de estudo. Santana (2006) complementa tais dados com o levantamento no período de 2003 e 2004, apoiando a tendência de crescimento (Figura 1).
Segundo dados desta pesquisa, o número de publicações em ergonomia e doenças osteomusculares tem aumentado, sendo o maior número de trabalhos encontrados neste campo (n = 141), ao passo que o objeto de estudo relacionado à toxicologia tem diminuído consideravelmente, visto que assuntos relacionados ao benzeno, chumbo e silicose diminuíram sensivelmente.
Um outro dado importante que direciona os estudos em saúde e trabalho encontra-se representado pela distribuição das publicações apresentadas nos seis Congressos Brasileiros de Epidemiologia (CBE), apresentados por Rêgo et al. (2005). Neste levantamento também foi observado um crescimento significativo em relação ao número de trabalhos realizados (Tabela 1).
Ainda foi observado que as doenças do trabalho aparecem como objeto da maioria das investigações, representando quase a metade dos estudos realizados (Figura 2).
A partir destes dados apresentados, considera-se que os mecanismos utilizados na identificação e controle das agressões ao ser humano, oriundas do trabalho têm crescido. Sabe-se, no entanto, que um grande percentual dos problemas presentes no ambiente de trabalho ainda são omissos ao conhecimento público, visto que a sub-notificação destas causas ocupacionais ainda é uma realidade presente.
Segundo dados do Ministério da Previdência Social (MPAS) de 2006, o número de doenças do trabalho tem sido uma crescente nos últimos anos. Ao passo que algumas causas têm desaparecido ao longo dos últimos, a predição e controle das doenças do trabalho aparecem como grande desafio do século XXI.
É fato ainda, que diversas empresas têm desempenhado um importante papel na prevenção e conservação dos trabalhadores, pois notaram que a prevenção pode e deve ser vista como investimento na empresa.
Abraços à todos e bons estudos.