Revised Strain Index (RSI) – Método de Moore e Garg

O Strain Index (índice de esforço) ou como popularmente é conhecido no Brasil, Método de Moore e Garg, é uma ferramenta de análise do risco para o desenvolvimento de disfunções musculotendinosas nos membros superiores, com foco nas extremidades do segmento –> mãos e punhos.

O objetivo principal da metodologia é avaliar o risco de sobrecarga biomecânica relacionada à repetitividade de movimentos, levando em conta as forças aplicadas pelas mãos e as posturas adotadas pelos punhos durante a atividade de trabalho.

Desenvolvido em 1995, por J. Steven Moore e Arun Garg, o método adota um critério semiquantitativo para avaliação de risco, com variáveis objetivas (como por exemplo a duração da jornada de trabalho e a angulação de punho) e subjetivas (como intensidade de esforço com a utilização da Escala de Borg).

Inclusive, temos aqui no blog um artigo publicado há bastante tempo explicando o passo-a-passo do método original que você pode ler neste link –> Método Moore e Garg

Em 2016 os autores publicaram uma revisão do método em conjunto com Jay M. Kapellusch, com objetivo de aperfeiçoar sua aplicação, alterando algumas variáveis de análise e principalmente os multiplicadores atribuídos em cada variável do instrumento.

O REVISED STRAIN INDEX (RSI)

Essa revisão do método publicada em 2016 na revista Ergonomics, difere principalmente em 3 aspectos:

  • Omite a velocidade do trabalho: anteriormente uma das variáveis era o ritmo de trabalho, onde o analista / ergonomista deveria apontar quão rápido é o desenvolvimento da tarefa
  • Depende da duração do trabalho ao invés do ciclo: o percentual do ciclo de trabalho continuar sendo levado em conta na análise, mas agora com critérios mais claros, permitindo ponderar esforços individuais, sejam estáticos ou dinâmicos
  • Variáveis contínuas substituem variáveis categóricas: a pontuação no checklist continua de simples preenchimento, porém algumas fórmulas permitem atribuir pesos e valores mais corretamente em scores intermediários.

O RSI conta com 5 variáveis de análise da situação de trabalho:

  • Intensidade do Esforço (I): representa os requisitos de força da tarefa, ou seja, a magnitude do esforço muscular necessário para realizar a tarefa. Os critérios para definição do escore derivam da Escala de Borg e devem ser atribuídos com base na observação do ergonomista, mas principalmente, com base na informação dos trabalhadores.
  • Esforços por Minuto (E): definido como uma aplicação de força pela mão, como por exemplo, segurar uma ferramenta, equipamento, digitar, acionar controles, empurrar objetos, entre outros. Esse é uma variável que relaciona-se com a medida de repetitividade de uma tarefa.
  • Duração do Esforço (D): é o tempo médio (medido em segundos) de um esforço realizado na atividade de trabalho. O valor da duração do esforço é encontrada dividindo-se o tempo total de esforço pelo número de esforços contados no período de observação. Um exemplo simples: se durante a atividade o operador precisa segurar uma caixa por 10 segundos em uma tarefa de montagem que dura 20 segundos, teremos uma duração do esforço de 50% (10 segundos de esforço divididos por 20 segundos totais da tarefa).
  • Postura de Punho e Mão (P): refere-se à postura adotada pelo punho durante a atividade de trabalho. O ergonomista deve verificar qual o grau de angulação da articulação durante o trabalho, seja em flexão, seja em extensão. O método não prevê pontuação para desvios laterais do punho (desvio ulnar e radial) e são atribuídos pesos distintos para movimentos de flexão e de extensão.
  • Duração da Tarefa por Dia (H): é o tempo total que a tarefa é realizada por dia. A jornada deve ser medida em horas e o método prevê multiplicadores diferentes para os tempos da jornada, permitindo pontuações menores para tarefas de curta duração (e portanto com maiores tempos de recuperação) e pontuações maiores para jornadas com longa duração, com realização de horas extras.

DINÂMICA DE AVALIAÇÃO

Se compararmos a dinâmica de avaliação do RSI ao método original de Moore e Garg, não veremos grandes diferenças ou mudanças significativas.

Basicamente percorreremos 4 etapas de aplicação do método:

  1. Identificação da atividade: antes de aplicar o instrumento de avaliação, o ergonomista deve certificar-se que definiu corretamente o alvo de sua análise ergonômica. Só devemos aplicar um método quantitativo após realizar a avaliação qualitativa, permitindo conhecer a atividade real de trabalho e definindo que o risco ou sobrecargas estão relacionadas às mãos/punhos em uma atividade repetitiva. Devemos tomar muito cuidado com a escolha de qualquer ferramenta ergonômica de avaliação, uma vez que todas são complementares ao diagnóstico de uma situação de trabalho.
  2. Coleta de dados: é praticamente impossível analisar corretamente uma atividade de trabalho sem a coleta de foto e vídeo. O uso de programas computadorizados permite definir precisamente os ângulos articulares, os tempos de ciclo, duração dos esforços, assim como outras variáveis. O ergonomista deve também utilizar da entrevista com os trabalhadores nesta etapa e das observações diretas, lembrando que uma das variáveis do método é justamente a intensidade do esforço, pontuada com a Escala de Borg.
  3. Preenchimento do formulário: preencher um formulário de qualquer ferramenta é a parte mais rápida de qualquer avaliação, desde que o analista tenha a total compreensão de cada item de análise e uma boa coleta de dados. Nesta etapa o ergonomista precisa apenas preencher os valores em uma planilha (fortemente recomendável o uso devido aos cálculos relativamente complexos de alguns itens).
  4. Avaliação do risco: como já mencionado, as ferramentas de análise ergonômica são instrumentos complementares ao diagnóstico do profissional. O escore final do método Moore e Garg (RSI) apresentará uma classificação de risco em: (1) Trabalho é provavelmente seguro, para um RSI<10 e (2) Trabalho é provavelmente perigoso para um RSI>10. Essa classificação de risco difere consideravelmente do método original, justamente pela mudança das variáveis categóricas para variáveis contínuas empregadas no RSI.

APLICAÇÃO PRÁTICA

Neste vídeo reforçamos todos os conteúdos descritos neste artigo e demonstramos na prática a utilização do método RSI diretamente na Planilha do Excel.

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–> Download PDF de Coleta de Campo

–> Artigo da revisão do método: Arun Garg, J. Steven Moore & Jay M. Kapellusch (2017) The Revised Strain Index: an improved upper extremity exposure assessment model, Ergonomics, 60:7, 912-922, DOI: 10.1080/00140139.2016.1237678

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